Eles estão chegando...

Eles estão chegando...
Uma grande batalha será travada! Anjos e Demônios, quem triunfará?

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

4º Capítulo - NOITE SANGRENTA.

Uma noite fria e devastadora se aproximava da cidade de Cortona. O céu estava nublado e mostrava sinal de chuva, os moradores de Brentesburg apressavam-se com os afazeres que restavam e trancavam-se em suas casas. Bem longe do vilarejo. Ao longo das terras da província, um ruído ecoou de um calabouço. O homem corria com agilidade para escapar dos disparos, efetuados pelas armas dos soldados que o perseguiam. — Malditos sejam! – murmurou o homem. Ele vestia uma roupa preta, botas da mesma cor e uma enorme capa que o cobria todo. Capa esta que era feita de pura prata. Feita por ele mesmo. Agora era conhecido por onde passava por, O Homem da Capa de Prata. Tinha um objetivo e não sairia dali até que o cumprisse. Avistou o perímetro para ver se havia despistado os soldados. Não viu nenhum deles. Os malditos haviam desistido. Agora ele deveria agir com a maior pressa possível, sua vida e a de outros dependia disso. Entrou no calabouço. Desembanhou a espada e a pôs em posição de batalha. Estava pronto. Saltou com rapidez para o outro lado da entrada do calabouço. Desceu uma pequena escada. No percurso da descida, nada era iluminado, ele teve que se virar com as mãos para enchergar. Quando terminou os degraus, encontrou uma parede, parecia uma porta. Procurou e achou uma pequena alavanca, forçou a espada até que a porta se abriu. Era um calabouço, sujo e escuro. Ele entrou e ouviu uma voz. — Quem está aí? — Majestade! – disse ele. Contente em ouvir a voz do Rei. — Por favor! – murmurou o rei. — Seja quem for, não sei de nada sobre essa Luz que a Rainha tanto pergunta. — Não, não! Majestade, estou aqui para lhe libertar. Seu reino precisa de vós. – disse o homem da capa de prata. — O reino está perdido! – murmurou o rei. — Não está! – disse o soldado. — Seu filho precisa de sua ajuda! — Emílio! – murmurou o rei. Ele sabia que Emílio destruiria o reino, pois sua mãe o conduziria. — Não o filho da Bruxa! – disse. — E sim o verdadeiro herdeiro de seu trono. O rei Eduardo respirou fundo. Ficou pensativo por alguns segundos. Seu filho! Ele deveria resistir para poder voltar e recuperar seu reino, ajudar seu povo na luta contra o mal. — Majestade! – chamou o homem da capa de prata. Do lado de fora os soldados do Cardeal desciam a escada do calabouço. — Vá embora! – gritou o rei. — Quem você quer que seja! Busque a mensagem do Papa, ajude a salvar as almas e a Santa Igreja. Vejo que é um homem de muita coragem. Pois então, reuna muitos, pois a guerra está por vir e só os bons vencerão. — Mas Majestade... — Vá! – gritou o rei. O Homem da Capa de Prata deixou o calabouço. Os soldados vieram ao seu encontro com espadas armadas para o matar. Ele ergueu a espada para o combate, sairia dali vivo. O Rei pedira isso e ele deveria cumprir para o bem de todos, a missão. CASTELO DA PROVÍNCIA DE CORTONA. — Filho! – chamou Verônika. Emílio estava em seu quarto deitado na cama. Pensava no seu pai, pensava em como ele pudera fazer isso com o próprio pai. Mas ambém o rei, em sua opinião, não merecia nenhum tipo de remorso que fosse. Sempre esteve ausente em sua vida. Eduardo não era um pai exemplar do qual se orgulhava e sim um estranho no qual não deveria jamais pensar. — Sim mamãe! – respondeu ele. — Tem certeza de que é isso que você quer? Emílio a encarou. — Como assim é o que eu quero? – perguntou ele. — O reino! – disse Verônika. — Governar um reino não é tarefa fácil, seu pai sempre teve dificuldades em governar, mas é claro que você não é igual a ele. Eu sempre soube disso. — É meu por direito! – disse Emílio. — Então eu o irei reger. Verônika não gostou nem um pouco da resposta do filho. — Até você completar a maior idade quem o irá reger serei eu! – disse Verônika. — Foi para isso que veio? – rebateu Emílio. — Por isso voltou de onde estava esses anos todos! — Como se atreves a falar assim da sua mãe? – gritou Verõnika. — Sempre me dediquei a você e a seu pai, devia agradecer a mãe que tem. Emílio meneou a cabeça negativamente.Sabia que a mãe estava louca a cada momento. Resolveu se calar e voltou aos seus pensamentos. EM OUTRO LUGAR NO CASTELO. O soldado chamou pelo Cardeal. — Eminência! — Alguma noticia? – perguntou Grynventonn. — O Frei se recusa em entregar o Cálice. – disse o soldado. — Disse que só o fará, se receber uma ordem do Papa. — Mas que audácia! – resmungou Grynventonn. — Aqui o Papa sou eu! — Desculpe-me vossa eminência! – disse o soldado. — Mas o Papa está em Roma. Grynventonn o encarou. — O que o senhor fará eminência? — Já que não quer entregar a mim que sou dono por direito. – disse o cardeal. — O tomaremos a força! MOSTEIRO DOS MONGES BENEDITINOS. O Frei Pedro estava preparando o altar para celebrar a missa dominical. O Irmão Lázaro estava rezando na capela. Já era quase oito horas da noite. Estava frio do lado de fora, como sempre. Ouviu um grande estouro e assustou-se. — Frei Pedro! – gritou ele. — O que foi frei Lázaro? – perguntou frei Pedro assustado. Lázaro arfava. — Os soldados! Estão destruindo tudo! Saqueando as casas a procura de alguma coisa e o Cardeal está com eles! – disse Lázaro. Frei Pedro e o irmão Lázaro sairam correndo para fora da igreja. — Meu Deus! – murmurou frei Pedro. — Grynventonn está indo longe demais! O vilarejo estava em chamas. Havia pessoas correndo para todos os lados desesperadas. — Povo de Brentesburg! – gritou Grynventonn. — Hoje começa uma nova era onde nossos irmãos afastados receberão a glória que perderam! Os anjos decaidos subirão ao trono novamente! Eles estavam lá! Os sugadores de sangue. Aqueles cujo o soldado vira naquela noite na cidade de Roma. Sedentos de sangue e de vingança contra a raça humana. Eu via tudo dos altos do muro. O velho Montefásious ainda terá muito o que contar sobre este mal que invadiu a Europa. Silênciei-me para observar. — Não temam!- gritou Grynventonn novamente. — Hoje! Será um dia de glóóóriaaaaaa! Neste mesmo instante. As criaturas atacaram as pessoas que corriam para fugir. Mostram sua face demôniaca e dizimaram os que estavam em sua frente. Alguns conseguiram fugir, mas muitos morreram. O frei Pedro abrigou a quantidade que pode na igreja. Lá eles não ousavam colocar os pés. MOSTEIRO DAS MONJAS BENEDITINAS. As monjas estavam desesperadas dentro do convento. — Olhem o vilarejo! – gritou a irmã Marilena olhando pela janela. — Está pegando fogo! – Gritou a Madre. — O que estará acontecendo? – exclamou irmã Mabelle. Elisa pressentia. Ela sabia que algo ocorria. Era destemida e determinada. E não se acalmaria até descobrir o que estava realmente acontecendo. Sem que as outras estivessem olhando. Elisa pegou o casaco e saiu em direção ao estábulo. — Venha Nobresa! – segurou a égua e montou. Partiu rumo ao vilarejo. Vá querida Elisa! E traga-nos a Luz... CONTINUA ...

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

3º Capítulo - CAPRICHOS.

O feito de Elisa naquela noite ficaria para sempre guardado na memória de Emílio. A jovem subiu na carruagem e apressou os cavalos que buscaram velocidade após o toque do chicote em seu lombo. Dentro do Castelo alguns ainda estavam atarantados. — O que aconteceu aqui? – perguntou Verônika para Emílio. Ele não respondeu. Aproximou-se para perto da porta onde avistou um pequeno objeto caido no chão. Era a medalha que Elisa deixara cair em sua fuga. Ele abaixou e a pegou. — Essa medalha! – murmurou consigo mesmo. — Eu ... Pôs a mão dentro da camisa e retirou o cordão que carregava ao peito. — Elisa! – murmurou novamente, olhando fixamente porta afora. Elisa Vandestovic seguia em direção ao vilarejo de Brentesburg. Já havia se afastado do castelo, mas ainda corria perigo, pois o principe enviara soldados para capiturá-la. Faltavam ainda dois quilômetros para que chegasse ao vilarejo com segurança. Elisa olhou para trás e avistou os soldados que vinham ao longe. Decidiu parar a carruagem. Olhou para todos os lados e avistou uma pequena caverna. Soltou a carruagem do cavalo e puxou o animal pelas rédeas até a caverna. Os soldados passaram avistando apenas a carruagem. Seguiram em frente e Elisa saiu da caverna. CIDADE DE CORTONA. — Tudo por culpa de Elisa tia! – gritava Zorah. Zorah contava para Flora sobre o incidente que ocorrera no Castelo e como Elisa conseguira o grande feito. — Ela escapou levando o Cálice do Cardeal Grynventonn! – dizia Zorah, terminando de contar o que ocorrera. — Mas ela está bem, não está? – perguntou Flora. — Ah tia! – murmurou Zorah. — Creio que sim, ela consegiu fugir, mas não ficará bem por muito tempo. O Rei vai cortar-lhe a cabeça. — Vai- te embora daqui Zorah! – ordenou-lhe Flora. — Porque a odeia tanto? Elisa não lhe fez nada. — Sim! – disse Zorah. — Ela fez muito. Destruiu tudo o que podia ter, renúnciou a tudo e prejudicou a mim! — Você é louca Zorah! – gritou Flora. — Já disse, vá embora! — Sabe tia! Elisa e eu poderíamos estar hoje na Corte servindo ao Rei, servindo suas vontades e banhadas pela riquesa, mas não! Ela jogou tudo fora por causa daquele convento! Maldita seja. Flora estava ficando nervosa com a conversa da sobrinha. Começou a ficar tonta e se apoiou numa cadeira. — Saia Zorah! – disse Flora. — Vá para o Castelo e não volte nunca mais nesta casa. Os soldados já haviam desaparecido do alcanse dos olhos de Elisa. Ela seguiu viagem cavalgando o mais depressa possível, queria entregar o Cálice ao Frei o quanto antes. Sabia que alguma coisa lhe aconteceria, já que decidira enfrentar o Rei, estava preparada para suportar tudo por amor a Nosso Senhor. IGREJA DE SANTA CECÍLIA. A Santa missa já havia acabado. As irmãs já estavam do lado de fora da igreja esperando por Elisa. De repente ouvem um barulho e olham para a estrada. Elisa avançava perigosamente montada no cavalo. As irmãs ficaram assustadas com o que acabaram de ver. — Madre! Aquela é a irmã Elisa? – perguntou a irmã Mabelle. — Sim irmã! – disse a Madre. — De alguma forma é a Elisa. O barulho do cavalo se aproximando foi tão grande que as pessoas sairam da igreja para ver o que ocorria. Elisa segurou firme a rédea do equino para não capotar sobre ele. O animal levantou as patas dianteiras relinchando com fúria. Elisa segurou-se até que o equino acalmou-se e pôs as patas no chão. Elisa desceu e foi em direção as irmãs. — Onde está o Frei Pedro? – perguntou ela. — Acabou de celebrar agora! – disse a Madre. — O que estava fazendo para aparecer aqui em um cavalo? Elisa levantou a bolsa que estava com o Cálice. — O que é isso? – perguntaram as irmãs. — O Cálice Sagrado que roubaram do Frei! – respondeu Elisa. — Conseguiu! – murmurou a Madre. — Como? — Entrei no Castelo e peguei de volta! – disse Elisa. — Está louca! – gritou a Madre. — Poderia ter sido morta, ou até acabar presa! — Mas não aconteceu! – respondeu Elisa. — Eu não poderia deixar que profanassem o Cálice! O Frei Pedro chega naquele momento. — Graças a Deus uma jovem corajosa como você Elisa! – disse o Frei. — Não teve medo de enfrentar o rei e trazer o Cálice! Elisa sorriu. — O Cardeal Grynvetonn não poderá jamais tocar no Cálice! – continuou Frei Pedro. — Se isso acontecer, Nosso Senhor será ultrajado de uma forma nunca vista e o mal se apoderá das almas. — E de alguma forma! – disse a Madre. — Elisa sabia disso. — Não sei como reverenda Madre! – disse Elisa. — Mas no fundo do meu coração, precinto um perigo, alguma coisa muito ruim está para acontecer na Santa Igreja. Todas sentiram um calafrio naquele momento. CASTELO DA PROVÍNCIA DE CORTONA. Todos que estavam presentes no salão perguntavam-se porque aquela jovem noviça roubara o Cálice. — Quem é a garota? – perguntou Verônika. — Ela é uma camponesa que vive no convento com as Beneditinas! – disse Grynventonn. — Sempre arrumando problemas, se ajunta com aqueles frades e fazem suas armações contra a coroa. Emílio ainda estava parado extasiado perto da porta onde caíra a medalha de Elisa. Lembrava do dia em que Elisa o achara em frente ao convento, lembrava quando ela o socorreu, quando lhe deu a medalha de São Bento que ainda carregava consigo. Pensava se estava fazendo o certo se ajuntando ao plano de Grynventonn, deixando tudo que seu pai fizera para trás. Livrou-se do pensamento repentino e pô-se a pensar no que deveria fazer agora. — Majestade? – chamou Grynventonn. Emílio olhou para os convidados presentes no salão. — Majestade! – exclamou Grynventonn. — Está na hora... Emílio o interrompeu. — Prezados senhores presentes. – disse Emílio. — Não haverá mais a escolha de uma rainha, quando eu achar uma que me enteresse o reino será informado. — Mas Majestade! – disse Grynventonn. — E quem o ajudará a governar? — Minha mãe seu idiota! – gritou Emílio. — Peço desculpas aos convidados! Espero que os representantes dos outros reinos que vieram para esta festa, tenham uma ótima estadia no castelo. Depois deixou o salão carregando a medalha de Elisa consigo. IGREJA DE SANTA CECÍLIA. — Sua coragem é surpreendente querida Elisa. – disse o Frei. — Fiz minha obrigação Frei. – disse Elisa. — Temos que nos preparar, pois creio que algo muito ruim está vindo. — Tens razão Elisa. – disse o Frei. — Eles estão por todas as partes, planejam alguma coisa contra a Santa Igreja. — De que estão falando Frei? – perguntou a Madre. — Os demônios, Madre! – respondeu Frei Pedro. Todas arregalaram os olhos quando o Frei citou o nome, demônios. — Sabemos que estão em todas as partes! – disse a Madre. — Mas não é dessa forma que o senhor quer dizer, não é? Frei Pedro respirou fundo e disse: — Um exorcista como eu, que durante anos lutei contra a ação deles, sinto a presença, mas desta vez, eles serão visíveis aos nossos olhos. As irmãs estremeceram com o que ouviam. As palavras do Frei eram, dolorosas, porém verdadeiras. CASTELO DA PROVÍCIA DE CORTONA. O Cardeal chutava e jogava as mesas na parede, descontando sua raiva. — Maldição! – pragejou Grynventonn. — Está saindo tudo errado Ezequiel. O lacaio o observava de longe. Estava recostado na parede e segurava nas mãos, a blusa que deveria estar em seu corpo. — Talvez esteja enganado Eminência. – disse Ezequiel. — Enganado? — Sim. – respondeu o lacaio. — Você por acaso não viu que o principe mimado não escolheu a nova rainha? – rugiu Grynventonn. — Sim Eminência. – concordou Ezequiel. — Mas eu não vejo por este lado. Se Emílio escolhece sua rainha, talvez assim ficasse mais vulnerável a mãe. Mas como ele não decidiu escolher, ainda tem autonomia sobre sí. — Mas será Verônika que conduzirá o reino! – murmurou Grynventonn. — E ela não será fácil de se controlar! – completou Ezequiel. — Em fim chegaste onde eu queria. – disse Grynventonn. O lacaio aproximou-se dele o agarrou por trás. Grynventonn era o ser da pior espécie, para sí, ele era o ápice das virtudes, e era justamente isso que passava aos olhos do reino. Apesar de que a maioria das pessoas sabiam que por de trás do hábito, havia um serpente, pronta para dar o bote. Ezequiel o soltou e deitou-se sobre a cama. De certo, ele sabia o que Grynventonn desejava.

2º Capítulo - DESTINO.

O Mosteiro de São Bento ficava a duas milhas do Castelo da Província e a 1km do vilarejo de Brentesburg. Todos os dias os monges saiam a cavalo para levar a comunhão para os doentes e celebrar a Santa Missa. Na residência habitavam o irmão Luca, irmão Lázaro, irmão Fabiano e frei Pedro, que é o padre da região. Frei Pedro era muito paciente para com seus irmãos em Nosso Senhor. Neste dia ele saía para celebrar a missa no convento para as irmãs, pois já se passaram duas semanas desde a última missa. No caminho avistou um cartaz com o anúncio do Baile Real, baile este que o Rei escolheria a sua esposa. — Vossa Majestade está de volta! – resmungou ele consigo mesmo. Depois continuou seu caminho... Emílio estava pensativo sobre a decisão que tomara. Não podia voltar atrás nem se quisesse voltaria. Pensava que deveria manter seu orgulho pelo sofrimento que passou nas mãos do pai. Essa seria a chance de mostrar ao mundo a verdadeira face de um Rei. — Majestade! – chamou o Cardeal. — Porque chama Grynventonn! — Vossa Majestade deve vir escolher o traje para o baile. – disse Grynventonn. — Diga que eu já vou! – disse Emílio. O príncipe continuou a pensar... Em outro lugar bem longe dali... O velho Montefasious estava a examinar seus livros. Ele era um ancião, mas sua mente era jovem. Ele sabia, sabia das profecias antigas sobre a Luz. Segundo ele, a Luz pertencia a cada um de nós como seres humanos a imagem e semelhança de Deus. Ela era uma coisa boa, disso não tinha dúvidas. Mas como ele iria achá-la? Onde mais poderia procurar se já andara por várias partes do mundo e nada conseguiu. Não aguentava mais esperar por ela. Mas iria esperar porque assim era a vontade de Deus. Emílio se levantara para escolher sua roupa para o grande baile. — Olhe essa Majestade! – disse Lucky. Mostrando a muda de roupa em sua mão. Emílio aproximou-se. Fez uma cara de que não gostou. Ele, que sempre fora mimado pela mãe, jamais deixaria de escolher suas roupas. Foi ao guarda-roupa, pegou uma capa preta e escolheu uma máscara. — O Baile será de máscaras! – disse ele. — Assim não vou me basear apenas na beleza física das candidatas. — O Cardeal lhe dará uma benção antes! – disse Lucky. — Não vejo motivos, mas ele pediu para que o senhor aceitasse. — Claro! – concordou Emílio. — Este reino verá uma grande mudança daqui para frente. Lucky sorriu. Ele sabia qual seria a mudança e seria uma das causas dela. CIDADE DE CORTONA. Zorah preparava o vestido. Estava feliz por sua prima Elisa que não estava ali para ver, muito menos para ir ao Baile que a tornará futura rainha da Itália. O vestido era verde com estampa de flores vermelhas que combinava com uma máscara bordada de renda branca. — Teve noticias de Elisa tia Flora? – perguntou ela. — Sua prima está muito bem! – respondeu Flora. Sabendo da maldade na pergunta. — Acho que o Rei não dará por falta dela. Eu estarei lá! – disse Zorah. — Saiba que ela está rezando por você. – disse Flora. — Ela sempre teve um especial afeto por você e é assim que retribui? Zorah sorriu sinicamente. Ela sabia que uma grande escada lhe esperava e nada a abalaria. Quanto mais alto se sobe, maior é a queda. — Não tia Flora! – disse Zorah. — Estou muito feliz por Elisa, principalmente por saber em qual ambiente ela está. — É melhor tirar esse ódio de seu coração... – disse Flora. — Pois isso lhe levará a condenação! – disse Zorah de deboche. — Eu sei, eu sei... Flora estava lavando os pratos e parou para olhar a sobrinha. — Poderia visitar a sua prima. – disse Flora. — Isso lhe faria bem! Zorah sorriu concordando. — A senhora tem razão! – resmungou ela. — Farei uma pequena visita a minha querida prima. Castelo da Província. O Cardeal Grynventonn gritava desesperadamente. — Aaaaaah! Eu quero aquele cálice! – gritou ele. O soldado correu para a sala. — O que aconteceu Eminência? – perguntou. — O que aconteceu? – resmungou o Cardeal. — Roubaram o meu cálice benzido pelo Papa que foi tocado no Santo Graal. — Ninguém entrou em vossos aposentos Eminência! – disse o soldado. — Estamos de guarda dia e noite. — Foram aqueles monges! – disse Grynventonn. — Aqueles malditos monges estão planejando alguma coisa. — Ninguém esteve aqui eminência. — Eu não quero saber. – gritou o Cardeal. — Revistem tudo. Cada igreja que houver em Brentesburg. Destruam tudo e todos se precisarem, mas eu quero aquele cálice. O soldado saiu naquele instante para cumprir as ordens. Segui pela estrada que levava a Bretensburg acompanhado de um exército. — Vamos! – gritou. Assim que entraram no vilarejo, traçaram tochas e ataram fogo. Queimavam tudo que viam pela frente. As pessoas corriam desesperadas para suas casas. — Onde está o Cálice? – perguntou o soldado. — Se algum de vocês sabe, é melhor dizer antes que todos sofram as consequências. Frei Pedro chegava ao vilarejo naquele momento. Viu a devastação provocada pelos lacaios do Rei e interviu. — Guarde a espada soldado! – gritou ele. — O que o Cardeal quer dessa vez? Não basta ter me retirado da cidade, proibindo-me de atender ao povo? — O senhor não deveria estar aqui, já que Vossa Eminência o proibiu. Sabe qual é a punição para quem desobedece as ordens. — Deixe de larmúrios soldado e diga o que veio fazer aqui! — O Cardeal quer o Cálice que está em vosso poder! — Ele jamais terá! – respondeu Frei Pedro. — O senhor tem certeza de que quer brincar com a vida desse povo. – disse o soldado apontando para as pessoas. — Grynventonn está louco! – disse Frei Pedro. — Ele está brincando com as leis de Deus, mas tudo voltará ao normal quando o rei Eduardo voltar. O soldado empunhou a espada. — Não toque neste nome! – gritou ele. — O rei Emílio está no poder, infelizmente o rei de todos foi morto. — Não acredite nas palavras dele meu povo! – disse o Frei. — Porque é fruto da mentira, nosso rei ainda está vivo e só Deus sabe onde! — Cale a boca Frei e diga onde está o Cálice, Vossa Eminência tem pressa. – disse o soldado. O Frei abriu a bolsa e retirou um lindo cálice de ouro e entregou ao soldado. — E como fica o estrago que fizeram aqui? – perguntou Frei Pedro. — O rei os poupara dos impostos este mês! – disse o soldado. — Agradeçam a sua misericórdia. Depois seguiu de volta para o castelo. O jovem Ábellys estava no local e foi ao auxilio do frei e disse em italiano: — Padre! – disse ele - Ma quella tazza è benedetto dal Papa, cosa facciamo? — Temos que confiar nos designos do senhor meu filho! – disse o Frei. — Os anjos vão trazê-lo de volta. Ábellys ajudou o frei a chegar na igreja onde foi acolhido. Igreja de Santa Cecília – Casa Paroquial. Já estava quase na hora da Santa Missa começar. O Frei preparava os paramentos para a cerimônia com a ajuda de Ábellys. — O senhor irá contar ao povo sobre o Cálice? – perguntou o rapaz. — Terei de contar! – disse o frei. — Nosso povo precisa saber o que nosso rei está fazendo para se protejerem, sem contar que é minha obrigação dizer a verdade. — De acordo padre, mas isso acarretará muito ódio em nosso vilarejo, poderia até causar uma guerra. O Frei olhou para o rapaz, sorriu e disse: — Filho! Esqueceste-se de quê existe a providência divina que se encarrega de tudo, não se preocupe. Amanhã de manhã o Cálice estará de volta. Ábellys olhou para ele sem entender, mas aceitou. Levou os paramentos para o altar, pois faltavam cinco minutos para começar a cerimônia. CASTELO DA PROVÍNCIA DE CORTONA. O soldado carregava vitorioso o Cálice nas mãos. Passou pelos portões do castelo com os outros lacaios que o seguia. Henrry era o braço direito de Grynventonn. Ele jamais falhara no cumprimento de uma ordem, seja ela qual for... Entrou e seguiu para os aposentos do clérigo. — Eminência! – chamou ele. O Cardeal dirigiu-se até a porta. — Meu fiel servo! – disse o Cardeal. — Eminência! – falou o soldado. — Aquele frei nem hesitou para entregar. Agora ele Grynventonn interrompeu. — Passe o Cálice! O soldado o entregou o Cálice. — Este Cálice! – disse Grynventonn. — É um grande tesouro da fé! — Foi tocado no Cálice de Cristo! – disse o soldado. — Não apenas isso! – disse o Cardeal. — Foi feito com relíquias do Santo Graal. Com ele que eu celebrarei a minha missa! — Por falar em missa senhor! – disse o soldado. Grynventonn o encarou. — Aquele frei está reunido com aquele povo em Roma neste momento para celebrar a missa. – disse o soldado. — Ele desobedeceu minhas ordens! – gritou Grynventonn. Colocou o Cálice sobre a mesa e pegou uma pena, tinta e um pedaço de papel. — Vou comunicar ao Papa sobre está afronta! – disse ele. — Precisa de mais alguma coisa Eminência? – perguntou o soldado. — Não. – respondeu Grynventonn. — Pode sair. O soldado retirou-se, deixando o Cardeal escrevendo a carta ao Papa. Em um lugar bem longe do reino. Verônika estava espetacular. – dizia seu servo. — Vossa Majestade é a única rainha da Itália e sempre será! — Por falar em reino. – disse Verônika. — Como vai o nosso convidado? — Não quer falar, nem por tortura! – disse o criado. Verônika era uma mulher muito bela, porém audaciosa e gananciosa. Sua principal vocação era perverter a mente do filho e destruir seu esposo. — Vamos fazê-lo falar! – disse ela. O lacaio a encaminhou até a cela. Abriu a porta e a deixou passar. No chão, jogado no canto da cela, estava um homem de barba grande e com roupas sujas. Verônika parou diante dele fazendo uma reverência. — Não seja hipócrita Verônika! – disse o homem. — Não posso prestar humildade perante o meu rei? – perguntou ela. O homem olhou para ela. — Isso é uma coisa que você não tem! - disse ele. — Humildade. Ela soltou uma gargalhada. — Não tenho mesmo! – disse ela. — Humildade é para os fracos, só o orgulho nos fortalece. — Como você pode ser assim! – murmurou ele. — escolhi você entre as mais belas das plebeias do reino, era um doce de criatura. Agora se parece com o diabo! Ela abaixou-se perto dele e disse: — Parece não! Eu sou pelo menos uma de suas fieis servas. — Diga o que quer e me deixe em paz! – pediu o homem. Verônika encostou as mãos nele pronunciando uma palavra: — Dolorum! O homem começou a se contorcer de dor. — Agora me diga! O que sabe sobre a Luz? — Isso você nunca saberá! Verônika usou sua magia outra vez. — Dolorum! O Rei se contorceu de dor. — Nem se você me matar, jamais saberá sobre a Luz! – disse Eduardo. — Meu filho fará sua gente sofrer! – disse Verônika. — Eu o ensinarei tudo sobre lidar com eles. — O exílio não te fez pensar sobre seus erros, não foi? – disse Eduardo. — Você tem que parar com essa vingança antes que seja tarde demais. Verônika aproximou-se o segurando pelo queixo e disse: — Não é vingança! É o meu destino. Depois se levantou e saiu da sala. ROMA – IGREJA DE SANTA CECÍLIA. — Amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo! – disse Frei Pedro para os fieis. — Nos reunimos hoje aqui na Igreja de santa Cecília para a celebração da santa Missa em reparação aos pecados do reino, para pedir a Nosso Senhor pelo nosso querido rei Eduardo VII e para desagravar seu sacratíssimo coração pelos pecados que serão cometidos na noite de hoje no Baile real. Aconteceu um lastimável incidente hoje. O Cálice Sagrado foi roubado pelos homens do Cardeal, mas tenho fé que Deus o trará de volta. Não devemos fazer desses incidentes uma preocupação, mas sim como uma provação que o Senhor nos passou. Celebremos a Santa Missa. Ábellys o ajudou a colocar os paramentos e deu-se inicio a Santa Missa. — In nomine Patris et fili et spiritus sanctis. Ámen Todos fizeram o sinal da cruz. As irmãs e a Madre chegaram atrasadas e Elisa ficara em Cortona para fazer as compras para o convento. Vejam como nosso Senhor sempre prepara os nossos caminhos. Elisa estava perto da cidade a três horas do castelo da província. Ela saíra do mercado e ouviu um homem falar bem alto: — Roubaram o Cálice do Frei Pedro! – gritava o homem. Elisa aproximou-se dele: — O que disse? – perguntou ela. — O Cálice Sagrado, bento pelo Santo Padre, foi roubado pelos homens do Cardeal Grynventonn. — Mas ele não pode fazer isso! – murmurou Elisa. — O Cálice pertence ao Frei e a Nosso Senhor! O homem voltou-se para o povo e começou a gritar: — Roubaram o Cálice do Frei Pedro! Só depois de olhar para ele que Elisa percebeu que ele estava vendendo o noticiário. Elisa estava determinada em ir recuperar o Cálice mesmo tendo prometido a madre que não colocaria os pés lá. Subiu na charrete e seguiu caminho para o Castelo da Província... CASTELO DA PROVÍNCIA DE CORTONA. Vários convidados vieram para o Baile Real. Cada um deles com sua característica ilustre. Já participei de um Baile uma vez, mas isso foi quando o nosso querido rei estava no poder, quando não havia prelúdios ao pecado. Os quatro irmãos estavam parados ao lado do trono e junto ao príncipe estava o Cardeal Grynventonn com um grande sorriso nos lábios. O Ministro de festas que Emílio convocara preparava-se para anunciar os convidados: — Lady Eleanor e seu filho Ezequiel! – disse o homem. Lady Eleanor era uma mulher robusta, de olhos claros e pele cintilante com um sorriso nada encantador. Ela já fizera várias visitas ao rei quando eu... Ahh isso já foi há muito tempo! Não vou me prender. Seu filho era exatamente igual, nada simpático, preguiçoso e malcriado. Uma vez convoquei uma conferência com o rei por uma de suas bagunças. Mas no fim tudo acabou bem e eles foram embora, nunca pensaram em voltar até o exato momento. — O Conde de Catlesville e sua esposa Meredith! Esse dois tem sempre uma mentira para contar... Aron Caltrond de Catlesville é o nome dele. Hum! Este homem quase pôs a vida de meu rei em perigo. Não sei como o príncipe teve a audácia de convidar o traidor de seu pai. Meredith é uma mulher gananciosa e inescrupulosa, quem a vê, pensa que está perto de um querubim, no entanto é uma meretriz, traia o marido com praticamente todo o reino. — Ignácio de Lastronger o Duque de Genova e sua esposa Karinne e filha Laxatra! O Duque de Genova. Um homem sábio e honrado apesar da sua aparecia como dizem os fofoqueiros do reino. Ele lutou lado a lado com o rei na guerra contra os turcos. Por sua ajuda, Bretensburg foi fundada e até hoje temos a Santa Missa. — Rarianne Lauzer! – disse o homem. — Condessa de Verona. Apesar de ser amicíssima da rainha Verônika, Rarianne mostrou-se determinada a ajudar os católicos em Verona contra a perseguição dos Unos. Além de ser uma bela jovem e possuir um radiante sorriso. — Ivan II! – disse o homem. — O Czar do império Russo. A Rússia! Um belo país governado por um grande czar. Sim, ele sempre foi um homem justo e caridoso para com seus súditos e para com o rei Eduardo. Todos bateram palmas para os convidados anunciados. Estes eram de maior importância para Emílio. O salão estava repleto de convidados. A chuva de aplausos cessou com a entrada de uma bela jovem. — Lady Justinne Victangorv! – gritou o homem. Todos olharam assustados. A jovem possuía uma beleza estrondosa e irradiante. Seu rosto era fino e ela usava um vestido com uma grande calda vermelha. A pele era branca como a neve e os olhos cor de fogo. Lembro-me muito bem de quando encontrei com ela, foi assustador a primeira impressão. Mais outro convidado entra no castelo, mas não é anunciado. — Ooh! – gritam os convidados assustados. Era a rainha Verônika. A rainha estava desaparecida há anos. O susto foi enorme quando ela entrou. Estava vestida de preto e segurava um lenço sobre os olhos. — Majestade! – gritou Grynventonn indo em direção a ela. — Saudemos nossa rainha! Verônika, porém, nem lhe deu atenção. Foi em direção ao filho e o abraçou. — Mio bambino! – disse ela para o filho. — Mamma tornato. — Mamma! – disse Emílio assustado. — Sim! Estou aqui mio bambino. – disse ela. — Soube do que aconteceu com seu pai. — Onde a senhora esteve esse tempo todo? – perguntou Emílio. — É uma longa história querido, depois mamãe conversa com você sobre isso. – disse ela. Ela virou-se para as pessoas que estavam no salão. — O que temos aqui? – perguntou ela. — Ah! Uma festa! Depois sorriu. Grynventonn aproximou-se dela e disse: — É uma festa para vosso filho escolher uma rainha! Verônika fez uma cara feia e olhou para Emílio. — Mas vocês já tem uma rainha! – murmurou ela. — Mamma! – gritou Emílio. Ela aproximou-se do filho e segurou sua mão. — Está bem meu querido. – disse para o filho. — Se é assim que você quer! Depois sentou-se no trono ao lado do filho. Grynventonn falou: — Que comece a festividade! Então a orquestra começou a tocar e todos se uniram para a dança. Eu observava tudo de perto e o bom é que nenhum deles pecebia. Quem iria prestar atenção num velho como eu? Esta noite entraria para a historia. Seria o inicio de todos os nossos problemas. Do lado de fora do Castelo para uma carruagem. Eu olhava pela janela e não tinha intenção nenhuma de perceber, mas prestei atenção. Elisa Vandestovic desceu dela e entrara no castelo. Ela estava com um ar de preocupada e amedrontada.Certamente se eu estivesse no lugar dela também ficaria. Elisa segue em direção a sala do Cardeal Grynventonn. Não havia ninguém em outra parte do Castelo e seria bem mais facil para ela recuperar o Cálice e sair sem deixar pistas. Abre a porta e entra. Logo avista o Cálice dentro de uma redoma de vidro. Elisa procura um meio de abrir o vidro, mas vê que está protegido por alguma coisa. Ela não desiste e o vidro se quebra após ela rezar uma ave maria.Provalvemente deveria ser alguma magia. Coloca o Cálice dentro de uma bolsa e sai da sala. Zorah caminhava pelo corredor do Castelo quando avistou a prima saindo da sala do Cardeal. — Elisa! – grita Zorah. Elisa olha para tras e avista a prima. Preocupada, Elisa corre para o salão de festas.Zorah a segue. SALÃO DE FESTAS DO CASTELO. Todos os convidados estavam devidamente vestidos com suas fantasias mirabolantes.Algumas até assustadora por sinal. Os quatro irmãos estavam ao lado de Emílio.É assim que eram chamados, pois ninguém além de Emílio e do Cardeal sabiam seus nomes. Exceto eu, é claro! Chagara a hora da Valsa Real. O rei iria dançar com as moças e escolheria sua rainha. NO CORREDOR DO CASTELO. Zorah corria atras de Elisa. Elisa parou perto de uma das salas do Castelo e entrou. Assustou-se com aquele enchame de gente com roupas esquisitas e dançando. O que ela faria agora? – pensou. Tinha que tapar seu rosto para não ser descoberta, pois se isso acontecesse seria o fim. Viu um cachecol em cima de uma pilastra e colocou sobre o rosto. Avançou no meio da multidão que dançava. Cada hora, uma garota dançava com o rei. Era feita a troca de pares. Para lá e para cá! Ah não! – murmurei. Mesmo assim niguém percebeu que eu estava ali. Todos estavam entrelaçados no rítimo da valsa. Emílio segurara a mão de Elisa sem perceber. Os dois seguiram com o rítimo. Elisa tentara soltar sua mão da dele, mas ele a balançava de um lado para outro a impedindo de escapar. Naquele momento Zorah entra no salão. — Parem a festa! – grita ela. No mesmo momento, o rítimo para e em um minuto se vê caras de espanto e fúria. — Peguem a ladra! – grita Zorah novamente. — Roubou o Cálice. Todos os convidados olham de um lado para outro assustados. Elisa puxa sua mão da de Emílio e corre para a saída. O Cálice cai no chão e chama a atenção de todos que ainda olhavam espantados. Elisa o pega e foge pela porta deixando uma medalha cair no chão do salão...

1º Capítulo - A DESCOBERTA.

VATICANO – ROMA. Meados do século XIV. – Dois meses antes. Um soldado corria desesperadamente para a sala do Santo Padre. — Preciso ver o Santo Padre! – gritava ele. — Preciso vê-lo rapidamente! — O Papa está em reunião com os Bispos e Cardeais! – disse outro soldado. — Volte outra hora. Ele estava desesperado e suava feito porco na hora da morte. Alguma coisa lhe preocupava e ele precisava avisar ao Pontífice. Então esperou o soldado abrir a porta novamente e correu para a sala onde estava o Papa. Vários soldados foram alertados e tentaram impedi-lo de entrar, mas não conseguiram. Ele empurrou a porta e entrou. — O que é isso! – gritavam os Cardeais. O Santo Padre estava sentado em seu trono. Ele aproximou-se e ajoelhou-se diante o Pontífice. — Perdoe-me pelo abuso Vossa Santidade! – disse ele. — Mas vós precisais saber que eles estão aqui. Vieram em número e acordaram aqueles que dormiam o sono profundo. Eu os vi no cemitério. Eu os ouvi conversando. — O que este louco está falando? – perguntou o Cardeal Grynventonn. — Falo dos inimigos de Deus! – disse o soldado. — Dos demônios que tomaram os corpos dos mortos. — Isso não existe! – disse outro Cardeal. — Deus jamais permitiria. — Vejo que os senhores fecham os olhos para tudo que está na fossa frente! – disse o soldado. — Mas digo-vos, as pessoas precisam da Santa Igreja para salvar suas almas e como farão isso se a igreja não se importa? — Vá embora soldado! – ordenou o Cardeal. — Estamos tratando de um assunto importante e não podemos dar ouvidos a fantasias como essa. O soldado fixou os olhos no Pontífice. O Santo Padre colocou as mãos sobre a testa e depois os soldados chegaram e retiraram aquele louco da sala. — Vossa Santidade, o que faremos? – perguntou o Cardeal. — O perigo já chegou ao conhecimento das pessoas! — O que podemos fazer é rezar! – disse o Santo Padre. — Para que Deus tenha misericórdia da humanidade. Os soldados levaram o jovem para fora do prédio. Em outro lugar o Cardeal Grynventonn falava com um dos guardas: — Elimine-o. Não podemos correr esse risco. Se a história se espalhar tudo estará perdido. — Está querendo que eu o mate? – perguntou o soldado. — É isso mesmo que eu quero dizer! – disse o Cardeal em tom veemente. O soldado acatou a ordem rapidamente e seguiu o jovem. Pegou a arma e se preparou para atirar. Conseguiu a mira e eliminou a pedra no meio do caminho. CIDADE DE CORTONA – ITÁLIA. 1353. Nessa pequena cidade no vilarejo de Bretensburg, vive Elisa Vandestovic. Seus pais, Ernest e Flora e sua prima, Zorah, que foi deixada pelos pais ao nascer e criada pelos tios. Eles eram uma família pequena e pobre que conseguia o pão de cada dia com seus esforços e muitas das vezes com a ajuda da igreja. Elisa estava com uma grande vontade de servir a Deus entrando para a ordem das Beneditinas. Mas seus pais não tinham o dinheiro para pagar os estudos e as outras despesas. Por isso ela teve que ir trabalhar na fazenda dos Calazans. Eles também eram uma família pequena e seus dois filhos eram os únicos que mantiam a casa. Caíque e Ábellys, eles eram Gêmeos e tinham a mesma idade que Elisa. Caíque possuía um gênio muito forte e ficara pior com a morte do pai. Tornara-se agressivo e às vezes não queria trabalhar. Ábellys era muito inteligente e sempre ajudava sua mãe em todas as tarefas e era muito amigo de Elisa. Em uma manhã de sexta-feira, Elisa saiu para ajudar a Sra.Margarida Calazans a fazer compras para a casa. — Amanhã é o seu aniversario, não é Elisa? – perguntou a Sra.Calazans. — Sim! – respondeu Elisa. — Mas não vamos fazer nada, papai guardou o dinheiro para a minha experiência no Mosteiro. — Que bom que vai fazer! – disse a Sra.Calazans. — Mas ouvi dizer que elas levam uma vida muito sacrificada. — A minha vida já é sacrificada. – respondeu Elisa. — Não vai ser difícil acostumar. A Sra. Calazans sorriu. Depois as duas entram no mercado. — Zorah não quer ir comigo. – disse Elisa. Zorah é a prima mais nova de Elisa. Ela a convidara para fazer experiência, mas Zorah não aceitara. A rebeldia de Zorah era uma coisa incompreensível. Diferente de Elisa que era um símbolo de bondade, ela adorava a fazer maldades, principalmente com a própria prima. — Queria que Zorah melhorasse de vida! – murmurou Elisa. — Um dia ela vai aprender. – disse a Sra.Calazans. — Só espero que não seja tarde demais. As duas terminaram as compras e foram para casa. No dia seguinte na casa de Elisa, tudo estava sendo preparado para a sua ida para o Mosteiro das beneditinas. — Ah! – murmurou Zorah em tom debochado. — Que bom que Elisa vai se tornar beata, assim poderá rezar por nós! — Não fale assim da sua prima Zorah! – recriminou dona Flora. — A vocação é um dom de Deus e Elisa é abençoada por ter tão sublime dom. Zorah debochou. — Se ela agüentar! Eu não sei se viveria trancada sem poder ver os rapazes lindos do reino. — Você é uma péssima influencia! – disse Flora. — Só porque conseguiu trabalhar na Corte acha que é melhor que os outros. — Por falar em Corte tia. – disse Zorah. — O Rei chegará essa semana e ele exigiu a presença de todas as jovens do reino.Mas só a Elisa não estará lá. — Como se isso fosse grande coisa para Elisa. – disse Flora. — Ela não faz nenhuma questão de ver o Rei. — Mas ele fará. – disse Zorah. — E vocês sairão prejudicados por essa vocação dela. Elisa chega no momento da conversa. — Prejudicados em que? – perguntou ela. — Nada não minha filha! – disse Flora. — É só a sua prima falando bobagens. — O Rei está vindo! – disse Zorah. — Felizmente eu não o verei! – murmurou Elisa. — Você é uma mentecapta Elisa. – disse Zorah. — Depois não poderá se arrepender. Elisa virou-se para a prima e disse: — Não pretendo me arrepender de nada! – gritou Elisa. — Te perdôo pelo que me fizeste, mas não faça com outros, pois você não terá tempo de se arrepender. Zorah ficou com os olhos arregalados e encarando Elisa. — Parem de brigar! – gritou Flora. — Elisa, está na hora de você ir. Infelizmente não poderemos acompanhar você até o Mosteiro. Seu pai está trabalhando na plantação e eu tenho que trabalhar. — Está bem mamãe obrigada! – disse Elisa. — Estarei rezando por vocês. Elisa se despediu de Zorah, mas ela não lhe deu atenção. O caminho agora seria longo e perigoso. O Mosteiro das Beneditinas ficava a cem quilômetros da cidade e Elisa viajaria sozinha a cavalo. A felicidade cobria-lhe a face, não havia mais nada nesse mundo que a fizesse feliz. Em outro lugar bem longe dali. Caminhava pela floresta fria da pequena cidade de Cortona a carruagem real. O rei Eduardo VII era um homem integro e principalmente, era católico e devoto da Santíssima Virgem Maria. Seu Filho, o príncipe Emílio não seguia o mesmo caminho do pai, era rude e não se importava com nada a não ser com ele próprio. O rei voltava para a cidade e tinha uma boa noticia para os seus súditos. Noticia que traria a paz à cidade e uma grande alegria para todos. O tempo estava nublado e uma neblina forte cobria toda a floresta sem deixar espaço para a visão. A única saída era confiar nos cavalos. Bem a frente deles encontrava-se outra carruagem com uma pequena lamparina acesa. Os soldados do rei pararam fazendo a carruagem diminuir a velocidade. Dois homens estavam do lado de fora. — Aconteceu alguma coisa, vocês precisam de ajuda? – perguntou o soldado. O homem parou perto da carruagem e agarrou o soldado pelo pescoço. De repente a fisionomia do homem mudou, transformou-se em uma coisa grotesca e demoníaca. Segurou o soldado e o mordeu no pescoço até drenar totalmente o sangue. Que diabos era aquilo? – perguntou-se o outro soldado que assistia a morte do amigo. O soldado desembainhou a espada e tentou matar o monstro, mas o outro lhe pegou e cortou-lhe a garganta deixando seu sangue escorrer. O monstro vendo o sangue pôs-se a lamber o ferimento. O rei e o príncipe estavam assustados dentro da carruagem. — O que foi isso Emilio? – perguntou o rei. O Príncipe estava com uma cara tão assustada que não conseguia falar. O rei pega um envelope e coloca debaixo do banco da carruagem. De repente o monstro arranca a porta da carruagem e agarra o rei pelo pescoço. — Paaaai! – gritou Emilio. A criatura virou-se para ele e disse: — Não se preocupe! Vossa majestade terá cuidados especiais! O monstro leva o rei para a carruagem deles e desaparece no meio da neblina... Depois de muitas horas de viagem, Elisa chega ao Mosteiro. A paisagem era maravilhosa, o ar era fresco. Tudo como ela desejara. As irmãs do Mosteiro avistaram a sua carruagem e foram ao seu encontro. — Irmã Elisa! – gritou a freira. — Seja bem vinda! A irmã Marisa era uma excelente pessoa e Elisa se daria muito bem com ela daqui para frente. — Obrigada. – disse Elisa. — Pensei que eu nunca fosse Chegar! — Não se preocupe, logo vai se acomodar e se sentirá melhor. – disse a irmã. — Vamos entrar. Elisa entrou no Mosteiro e a irmã Marisa a levou para conhecer as outras freiras. — Elisa! – disse Marisa. — Estas são as irmãs: Marluci, Mabelle, Maiza e Marilena. — É um prazer conhecê-las. – disse Elisa. — O prazer é nosso querida! – disseram elas. O Mosteiro era enorme por dentro e muito bonito.Havia várias imagens e crucifixos pelas paredes.Elisa ficou encantada com a beleza do lugar.Apesar de ser fim de tarde, dava para ver o local perfeitamente. — Vamos querida. – disse a irmã. — Vou lhe mostrar o seu quarto. Elisa a acompanhou pelas enormes escadarias do Mosteiro. — A senhora não se preocupe porque eu estou acostumada com a vida pobre! – disse Elisa. — Aqui você não terá luxo mas, não passará fome com a graça de Deus. ¬– disse a freira. — Nós faremos de tudo para que se sinta bem. — Obrigada! – agradeceu Elisa. A irmã retirou-se, deixando-a sozinha no quarto. Eu me chamo Ernest Montefasious. Vou lhes contar a minha historia, que é praticamente a história de todos nós humanos, criaturas criadas à imagem e semelhança de Deus. Tudo começou quando surgiu a vocação religiosa no coração de uma bela jovem. Uma grande tempestade começou na noite em que ela entrou para o Mosteiro. Parecia até obra do demônio para assustá-la, mas Elisa jamais temeria a isso. Bem próximo ao mosteiro, uma carruagem seguia a toda velocidade. De dentro de sua cela, escuta um barulho dos cavalos e rapidamente ela desce a escada para falar com a irmã Marisa. — Irmã Marisa! – gritou Elisa. — Que foi minha filha? – perguntou ela. — Há algo do lado de fora! Todas as irmãs levantaram depois do barulho que Elisa fez. — Você se assustou com a tempestade minha filha! — Não irmã. – murmurou Elisa. — Eu ouvi barulho de cavalos. — Tem certeza? — Sim! – respondeu. — Está bem. – disse ela. — Vamos lá ver! Todas juntas, abriram a porta e foram para o lado de fora. Em frente à porta estava parada uma carruagem e logo no chão um corpo de um jovem. Elisa e irmã Marisa aproximaram-se. — É um rapaz! – murmurou irmã Marisa. — Temos que ajudá-lo. – falou Elisa. — Não podemos levá-lo para dentro! – disse a irmã. — É contra o regulamento. — Mas não podemos deixá-lo aqui! – respondeu. — É pecado negar ajuda a quem precisa. Irmã Mabelle interveio. — Elisa tem razão Madre! – disse ela. — Se nós deixarmos o rapaz aqui ele vai morrer, se é que já não está morto! — Oooh! – gritaram as outras irmãs. — Acalmem-se todas! – pediu irmã Marisa. — Segurem o rapaz e ajudem a levá-lo para dentro. Cada uma segurou-o por um braço e pelas pernas. Entramos e o colocamos em um pequeno sofá. — Marluci! Vá à cozinha e pegue água fresca. – pediu irmã Marisa. Marluci correu até a cozinha. — O que faremos para saber se ele está vivo? – perguntou irmã Maiza. — Temos que esperar para saber. – disse a Madre. De repente o rapaz abre os olhos, dá um grito enorme e começa a tremer. — Ai meu Deus ele está morrendo! – murmurou irmã Maiza. Todas se afastaram dele, menos eu. Aproximei-me e segurei na sua mão.Fiz o sinal da cruz em sua testa e segundos depois ele parou. — Acalme-se! – murmurou Elisa para ele. — Deus está conosco. Ele permaneceu um minuto olhando nos seus olhos. Parecia que ele vira o demônio, de tão assustado que ele estava. Segundos depois, desmaiou novamente. A irmã Marluci volta da cozinha. — Pelo menos sabemos que ele não está morto. – disse ela. — Vamos deixá-lo dormir! – disse irmã Marisa. — Amanhã vemos o que faremos com ele. Deixaram-no na sala e foram deitar. NA MANHÃ SEGUINTE. Elisa despertou as cinco horas da manhã. A irmã Mabelle tocava o sino todos os dias esse horário. Nós levantamos e descemos para a capela. Rezaríamos o Ângelus e depois tomaríamos o lanche. A irmã Marilena dirigiu-se para fora do mosteiro. A carruagem ainda estava lá, não estava perfeita por conta da tempestade, mas estava lá. Ela parou e abriu a porta da carruagem. As irmãs não gostavam de falar, mas, a irmã Marilena tinha um péssimo hábito de furto. Remexeu em tudo por dentro. Quando mexia em um dos bancos, achou um pequeno envelope amarelo lacrado com cera e estava escrito Carta Papal. — Oh meu Deus! – murmurou ela. Virou o outro lado e estava escrito: Ao Rei Eduardo VII. Ela pegou a carta e escondeu dentro do bolso do habito, pois ouviu um barulho. Era a irmã Marluci que vinha a sua procura. — Irmã? – chamou ela. Marilena apressou-se em sair de perto da carruagem. — irmã, o que está fazendo? – perguntou a irmã Marluci. — Só estou observando esse pobre animal. – disse ela, referindo-se ao cavalo. — Pobre coitado! Dormiu a noite toda na chuva. — A senhora tem razão. – concordou a irmã. — Vamos! Ajude-me a tirá-lo daqui. Elas retiraram as rédeas e soltaram o cavalo da carruagem. O animal correu desesperado. — Está vendo irmã! – comentou Marilena. — Fazer caridade pela manhã rejuvenesce a alma. A irmã Marluci sorriu. — Vamos! – disse irmã Marluci. — A madre está nos esperando para rezar. Depois as duas entraram no Mosteiro. Eu estava na capela preparando para rezar, já que não haveria missa hoje de manhã. O Frei Pedro vinha todas as manhãs celebrar, mas hoje surgiu um problema e ele não pode vir. As outras irmãs chegaram e nós começamos a oração. — O Anjo do senhor anunciou a Maria! – introduziu a Madre. — E ela concebeu do Espírito Santo! – respondemos. A irmã Marluci puxou a Ave Maria. Todas nós respondemos. Após rezarem o Ângelus e foram para o refeitório. O jovem que salvaram da chuva ontem a noite estava conversando com a madre. — Sou muito grato por salvarem minha vida! – disse ele. — Não agradeça a nós meu filho. – disse a madre. — E sim a Deus! O rapaz sorriu. Aproximei-me da mesa e o cumprimentei. — Bom dia! Ele se virou para fitar Elisa. Ficaram dois minutos se olhando. — Você está bem? – perguntou ela. — Sim, obrigado. – respondeu ele. — Que anjo é você? — Aquela que se consagrou inteiramente a Deus! – respondeu Elisa com aspereza. A madre interrompeu. — Mas nos conte rapaz, qual é o seu nome? — Meu nome é... Rogério... Fui atacado por ladrões na noite de ontem. Eles seqüestraram o meu pai e eu acabei vindo parar aqui. – disse ele olhando para mim. — Por minha sorte. A irmã Marilena ou olhou com ar de desconfiada, depois desviou o olhar. — Você vai nos desculpar rapaz. – disse a madre. — Mas terá que procurar a sua casa, nós não podemos aceitar homens em nossa ordem. — Não! – murmurou ele. — Não me mandem embora, por favor, não sei como poderei encontrar minha casa e, além disso, eu posso trabalhar para as senhoras. — E onde vais dormir? – perguntou irmã Mariza. — Eu posso dormir no estábulo. – sugeriu, ele. — Posso cuidar dos cavalos e de todo o resto, só até eu encontrar minha casa. — Não sei não rapaz. – murmurou a madre. — Mas está bem, só até encontrar sua casa. O rapaz segurou as mãos da madre e beijou. — Não! – gritou ela. — Agradeça trabalhando e servindo ao senhor. Ele sorriu. Depois nós todos sentamos e tomamos o lanche. Um pouco mais tarde. Já eram quase uma da tarde quando fui ao campo para procurar o rapaz. — Rogério? – gritou Elisa. Logo ele surgiu de dentro do estábulo. — Sim Elisa? Aproximei-me dele. — Trouxe-lhe isto! – falou ela, mostrando-lhe uma medalha. Ele olhou para a mão de Elisa e sorriu. — O que é? – perguntou ele. — Ora! – murmurou ela. — É uma medalha de São Bento para lhe proteger do demônio. — Obrigado. – disse ele. — Me dê licença que vou limpar a capela agora! Elisa deu as costas e ele segurou na sua mão. — Não faça isso senhor! – pediu Elisa. — Somos apenas amigos! — E amigos não dão as mãos? – perguntou ele. — A palavra “amigo” é uma só. – respondeu ela. — Ela não deve ter derivados. Ele soltou a mão. — Está bem. – disse ele. — Perdoe-me! Elisa sorriu e se retirou. EM OUTRO LUGAR NO MOSTEIRO. A Irma Marilena olhava a carta que tirara da carruagem. — Meu Deus! – murmurou ela ao abrir a carta. Havia alguma coisa naquela carta que a deixou preocupada. Logo guardou no bolso. A irmã Marluci veio a sua procura. — Irmã? – chamou irmã Marluci. — Precisamos da senhora para limpar o mosteiro. — Sim! – disse ela assustada. — Já vou indo. Castelo da Província de Cortona — Vossa Eminência! – disse o monge assustado. — Não temos noticias de Sua Majestade há dois dias. As coisas vão piorar. — Acalme-se Isaac! – murmurou o Cardeal. Que estava sentado numa cadeira e seu semblante resplandecia calma. — Logo o Rei estará conosco, nós veremos a gloria da igreja! — Mas as criaturas, senhor? – perguntou o monge. O Cardeal sorriu. — Nossos hospedes ficarão muito bem! – disse ele. — Ninguém poderá impedir que a Igreja assuma e proteja seus filhos. Naquele instante surge na porta o principal deles. — E porque ela não ficaria? – perguntou ele. — Afinal ela é a nossa mãe... — Lucky! – exclamou o Cardeal. — Vejo que não demorou a se acomodar. Nossos aposentos estão sendo de bom proveito para vocês? — Poupe suas falsas palavras Grynventonn. Você deve se preocupar em localizar o Rei. Para sua própria segurança. A criatura que falava, possuía um aspecto totalmente humano. Pele branca, olhos firmes e passava certo temor. E deixou o Cardeal morrendo de ódio. — O dia do Baile está se aproximando! – disse a criatura. — Não podemos deixar que a Luz entre nos corações humanos. A Luz será a força deles, você sabe disso Gryventonn? — Ela não terá forças para isso! – disse o Cardeal. Naquele momento entra no salão outra criatura. — Lucky! – murmurou a criatura. — Estás aí. Este tinha o cabelo grande, até os ombros. Olhos brilhantes como o fogo e seu semblante era de ira. — Onde estão os outros? – perguntou Lucky. — Hastart! Devia ficar de guarda, nós não sabemos o que os humanos pensam. — Belik fará isso! – disse ele. — Afinal é o trabalho dele. — Todos nós devemos vigiar, a guerra está prestes a começar... CONVENTO DAS BENEDITINAS. O príncipe estava sentado no banco da capela. Observava atentamente a jovem que rezava o terço. Elisa fixava o olhar no crucifixo. O pensamento de Emilio fluía. “Como uma jovem tão bela, prefere ficar em um convento?” – perguntava-se ele. Ele não aceitava aquela atitude, uma beleza rara ser tão desperdiçada daquele jeito. Pensava em voltar ao Castelo e levá-la consigo, ou declarar-se para ela. Mas ele sabia que a resposta seria negativa. Talvez ele como Rei, poderia ordenar que ela fosse com ele, mas não se achava capaz disso. Levantou-se e seguiu em direção ao primeiro banco, onde Elisa estava sentada. Ajoelhou-se diante do santíssimo. — Gostaria de falar com as irmãs. – disse ele. — Quando puderem! Elisa meneou a cabeça positivamente. O príncipe fez genuflexão e retirou-se da capela. NO MOSTEIRO: 15h DA TARDE. Todos se reuniram no salão de jantar. O príncipe olhava nos olhos com apreensão. — Você mentiu para nós! – murmurou a Madre. — Eu não sabia o que fazer... – tentou argumentar Emilio. — Príncipe Emilio. – disse a reverenda Madre. — Filho do nosso Rei Eduardo VII. Um homem integro perante Deus e dos homens, no nosso convento! — Ele não sabia reverenda Madre! – disse irmã Marilena. — Cale-se irmã! – gritou a madre. — Está ciente do pecado em que se meteu? Iria acobertar a mentira de um príncipe, que tem por obrigação ser honesto. — Perdão Madre... – disse a irmã. A Madre a encarou. A irmã Marilena fechou a boca. — Porque mentiu Majestade? – perguntou a Madre. — Onde está seu pai? — Quem deveria dar ordens sou eu! – disse Emilio em tom arrogante. — Aqui quem manda é a lei de Nosso Senhor!Portanto a verdade. – gritou a Madre. — E eu estou responsável por mantê-la intacta aqui no convento. Não vai nos dizer por que mentiu? — Eu não posso! – disse Emilio. — Então hoje mesmo irá embora! – disse a Madre. — Mandei avisar no Castelo, que achamos o príncipe perdido. Sabia que procuravam por você? — Imaginava! – respondeu o príncipe. — Eu não entendo Majestade! – disse a Madre. — Onde está o vosso pai, sabíamos que o Rei chegaria o que aconteceu? O príncipe firmou os olhos na Madre. — Eu fugi! – disse ele. — Não sei onde está meu pai e não me importo com ele! A Madre respirou fundo. Depois disse: — Arrumem as coisas do príncipe! Não poderemos ajudá-lo. Castelo da Província de Cortona. — Acharam o príncipe! – gritou Belik. — Até que enfim Grynventonn fez alguma coisa certa! – disse Lucky. — Façam os preparativos!Precisamos receber nosso Rei da melhor forma possível. — Sim! – obedeceu Belik. — Agora veremos a gloria! Depois, retirou-se. VATICANO – ROMA. — Isso não podia ter acontecido! – disse o Papa Clemente V. — O Rei deveria chegar em segurança. — Não sabemos para onde ele foi levado Vossa Santidade! – disse um dos Cardeais. — Descubram! – disse o papa. — Façam tudo para impedir que nossos inimigos cheguem à revelação. Passem para as pessoas. Diga a todos para que rezem! Pois os dias serão difíceis. — Como, Vossa Santidade? Eles estão entrando nas igrejas. – disse o Cardeal. O Papa encarou o Cardeal. — Deus Nosso Senhor dará um jeito! O Cardeal retirou-se e foi cumprir a ordem do Pontífice. O povo esperava ansiosamente pela chegada do Príncipe. Os súditos ocupavam a frente do castelo enquanto a carruagem passava. — Vida longa ao Rei! – gritavam. O Príncipe estava dentro da carruagem e observava enquanto Lucky lhe falava. — É o inicio da glória Majestade. – diz Lucky. — Estão à espera do Rei. — Onde está meu pai? – perguntou Emilio. Lucy lhe deu uma bofetada. — Vós sabeis bem onde ele está! Não deve fazer perguntas tolas. — Se machucá-lo não terão nada de mim! – grita Emilio. — Não se faça de bom samaritano! – grita Lucky. — Vejo seu coração, sua alma. Está podre e pronta para a grande festa. Se quiseres desistir diga de uma vez, porque depois não haverá volta. Sabeis bem sobre as conseqüências. Emilio o encarou. — Você tem razão! – murmurou. — Farei tudo o que precisar. A carruagem parou na frente do Castelo. O povo gritava e comemorava a chagada do rei. Emilio desceu da carruagem e Lucky o acompanhou. Fez sua escolha, e agora não terá volta. Caminharam pelo corredor do castelo até a sala do trono. Belik foi ao encontro deles. — Majestade! – gritou ele. — Enfim chegaste. — Sente-se. – disse Lucky apontando para o trono. Emilio sentou-se no trono. Aos poucos foi sentindo o prazer do novo poder em suas mãos. Poder que de direito seria seu após a morte de seu pai, o que não havia acontecido. Imaginava como iria governar o reino, quantas mulheres teria e se teria filhos. — Majestade! – chamou Lucky. Despertando a atenção de Emílio. — Oi! — O Baile será amanhã à noite. – disse Lucky. — Poderá escolher sua esposa para que se cumpram as profecias. Convidaremos todos do reino para desfrutar do banquete real. Emilio sorriu. Estava ainda mergulhado em seus pensamentos. — Poderiam me deixar a sós um pouco? – pediu Emílio. — Mas é claro majestade! – disse Lucky. Lucky retirou-se com os outros o deixando sozinho.

Lâmiae - A Sombra do Mal

A sombra do mal desce sobre a terra e infesta os corpos dos mortos. Fazem da terra o seu inferno para a perdição da raça humana. Os demônios, inimigos de Deus e das almas surgem debaixo de nossos olhos sem serem percebidos. Os chamados Lâmiae, sugadores de sangue, sugam a vida corporal e a vida espiritual das pessoas. Mas nada passa despercebido diante dos olhos de uma jovem camponesa chamada Elisa Vandestovic, que possui uma grande vontade de entrar para o Convento e é perseguida pelas Lâmias. Tudo começa em 1451 na cidade de Cortona, Itália. Quando Elisa completa dezoito anos e entra no Convento para fazer uma experiência vocacional e se depara com um mundo tomado pelos demônios, seres das trevas em forma humana. Mas ela busca ajuda em Ábellys, um jovem rapaz que está determinado a seguir em busca da Luz e investigar esse mistério acabando com o mal de uma vez por todas.